Capítulo 03
A REUNIÃO DO CONSELHO
O céu se
mantinha estranhamente belo, demonstrando que algo estranho poderia ter
acontecido, e isso fez com que o Pastor ficasse com certa desconfiança dos
eventos que viriam a se desencadear. A vila parecia pacata e sem qualquer sinal
de ataque de grupo de Pokémons descontrolados. Mas por via das dúvidas, ele
preferiu fazer uma caminhada pelas ruas da Vila Serena, tentando encontrar
algum distúrbio fora do normal.
Ele era
um homem com mais de quatro décadas vividas, mas as linhas de expressão de seu
rosto e o treinamento físico intenso que realizava periodicamente o davam uma
fisionomia mais jovem. Seu filho era uma companhia constante nestas atividades,
e até seus Pokémons, um Alakazam, com o qual Wilson Fauster treinava desde sua
infância, e o Charmeleon do seu garoto, sempre os acompanhavam. Esse
treinamento trazia imensos benefícios físicos e mentais, mas os humanos sabiam
que este era o momento deles, o momento de pai e filho se tornarem mais íntimos,
uma vez que os assuntos da vila o deixavam muito ocupado, a função de “Pastor”
realmente o deixava exausto e sem qualquer possibilidade de trocar ideias com
seu filho.
– Senhor
Pastor, eu gostaria de tirar uma dúvida com o senhor. – Um homem grande, com
fortes braços, duramente trabalhos nas forjas da cidade, vinha em direção a
Wilson, com um ar preocupado e incerteza no olhar, falando quando este deu seu
aval.
– Não
seria melhor utilizarmos os Pokémons treinados para proteger melhor nossa
cidade desses ataques, do que manter os trabalhos de forma normal?
Tendo
seu Alakazam meditando ao seu lado, ao qual fez um carinho por trás de sua
nuca, eriçando seus pelos e lançando um pouco de energia azulada por marcas que
apareciam em seu corpo e se dirigiam para o chão, o Pastor sorriu para o
preocupado homem.
– Não
tem o que se preocupar Ralf, os Pokémons podem trabalhar sem problema, eu já
estou resolvendo essa situação, o Conselho se reunirá hoje e tudo será
resolvido.
Era
verdade que os problemas pareciam estar aumentando, e com o aparecimento do
estranho fenômeno novamente, os habitantes da Vila Serena não ficaram muito
sossegados com o fato, o ataque não era um assunto abordado todos os dias mais,
porém com esse evento acontecendo, parecia que um botão havia sido pressionado
e todos voltaram a ficar alerta e receosos com o que poderia ocorrer.
Os Pokémons
pareciam que estavam pressentindo algo, ficavam mais instáveis e os humanos
mais inseguros em relação as ações que podiam tomar com seus parceiros. O
Conselho, grupo de pessoas influentes da vila, percebeu a necessidade de uma rápida
reunião, para resolver de uma vez por todas os problemas que estavam se
espalhando como uma doença altamente contagiosa.
Durante
sua caminhada, pessoas chegavam no Pastor com perguntas sobre o modo que
deveriam agir com as atitudes que seus Pokémons estavam tomando e durante os
momentos que antecederam a reunião do Conselho ele agradeceu por não ser
incomodado, uma vez que não era encontrado, graças aos poderes do seu Alakazam
de criar ilusões do ambiente ao seu redor, levando o Pastor para a Casa Central
sem qualquer incomodo extra.
–
Obrigado Alakazam, agora queria que você fosse até a minha casa e trouxesse a
caixa que havia te falado, aquela com o selo da planta, você pode fazer isso?
O Pastor
falou assim que chegaram a Casa Central, sendo respondido com um aceno positivo
do seu companheiro e subindo as escadas para sua sala de reuniões, onde ele
deveria tomar as decisões que, mal ele sabia, mudaria completamente toda a história
de sua família e tudo que ele havia protegido até aquele instante.
***
Os
conselheiros não demoraram a chegar e a reunião logo começou, com portas
fechadas e muitos sussurros de todos que auxiliavam o Pastor na Casa Central.
Rose Teodor, a secretária particular do Pastor é a única que tinha a autonomia
para transitar entre a sala de reunião e os aposentos comuns da Casa Central,
esperando que o Alakazam retorne logo, um pedido feito pelo Pastor e que ainda
não havia sido completado, um acontecimento raro, já que o Pokémon sempre
cumpria com seu itinerário antes do previsto por todos. O nervosismo de Rose
estava aumentando, uma vez que ela sabia que o momento de usar o objeto
solicitado estava se aproximando.
As
portas dos fundos da Casa Central abriram-se repentinamente, levando Rose a
criar esperanças em seus olhos, mas ao ver quem havia chegado, ela se decepciona
ao observar que tratava-se de Ian e seu Charmeleon, muito suados e sem fôlego.
–
Garoto, se acalme, por que você está tão apressado, o que está acontecendo,
alguma coisa grave? – Ela perguntou se colocando a frente do garoto, que
tentava subir as escadas e se dirigir até a sala do pai.
–
Senhora Teodor (puff), não tenho tempo para conversa, ... (puff)
meu pai, preciso falar ... (puff) urgente. Tenho que perguntar sobre ...
(puff) sonho estranho ... (puff) venho tendo. – As palavras
voavam rapidamente da boca de Ian e sua respiração o fazia perder por um
momento o pique, para chegar até seus pulmões o possibilitar criar as palavras
novamente.
– Ian,
vamos até a sala dele, você sabe que quando ele está em reunião não devemos
atrapalhar, e esta é uma reunião urgente do Conselho, eu percebo que o que você
veio falar com ele, parece ser importante, irei até a sala de reunião assim que
o Alakazam chegar e informo a ele que você o aguarda na sala dele, está bem,
ficamos conversados assim? – E sem esperar por uma resposta dele, ela o conduz
até o andar superior, solicitando a um dos funcionários que lhe traga um pouco
de água com açúcar para acalmar Ian.
– Olhe,
fique aqui, acalme-se um pouco e o Pastor já virá para recebê-lo. – E ele
confirma positivamente com a cabeça que havia entendido, pegando o copo e
bebendo um pouco da água e respirando, para recuperar o fôlego que havia
perdido. O copo ficava turvo com sua rápida respiração e ele deixou um pouco
para seu companheiro, que tomou tudo de uma só vez. Rose se dirigiu até a
porta, mas antes de fechar atrás dela, se virou novamente para Ian. – Ian
gostaria de te pedir um favor. Quando você falar com seu pai, por favor, vá até
a minha casa e converse com o Markus, ele não está muito bem depois que acabou
com a Ilana, gostaria que os amigos dele o dessem uma força, será que você
poderia?
– Tudo
bem Senhora Teodor, eu irei sim, assim que tiver a conversa com meu pai,
passarei na sua casa. – Com um pouco mais de fôlego Ian respondeu, levantando
da cadeira e apreciando a vila pela janela de vidro da sala do Pastor, com
olhos atentos para as imagens que eram formadas nos céus pelo evento que agora
começava a se dissipar dando espaço à iluminada noite que começava a chegar à
vila.
Alguns minutos se passaram e Ian começava a ficar
inquieto, Charmeleon o apoiava na angustia e os dois deram um salto quando um
barulho ecoou do lado de fora da sala do Pastor, um grito vindo do andar
inferior. Eles rapidamente correram para observar, e só conseguiram enxergar o
Alakazam do pai de Ian correndo para a sala de reuniões com alguma coisa verde
no colo, que deixava pingar um líquido amarelo por todo o carpete e Rose a sua
frente, entrando apressadamente na sala de reuniões.
Assinar:
Postar comentários
0 comentários:
Postar um comentário